Prevenir é melhor do que remediar!
Segundo matéria exibida no Fantástico de 19/02, a água parada, calor e esgoto é um criadouro ideal de mosquito e de onde vem a maioria das doenças transmitidas no Brasil. Muita gente não sabe de onde vem as doenças (Dengue, chikungunya, Zika e agora a Febre Amarela) e não faz associação entre essas doenças transmitidas por insetos e o saneamento básico. O Brasil é uma das maiores economias do mundo e tem 34 milhões de pessoas sem água tratada e possui rede de coleta para a metade do esgoto, dos quais somente 42% é tratado. Na maior cidade do Brasil – São Paulo, o esgoto de 5,5 milhões de pessoas vai direto para os rios sem algum tipo de tratamento. Em São Roque, na década de 90, foi iniciada a construção da Estação de Tratamento de Esgoto (ETE) do Guaçu, mas ficou suspensa por 15 anos, sendo reiniciada no ano de 2012 e agora temos perspectiva de seu funcionamento no segundo semestre de 2017. Mais de 20 anos após o início das obras para que o esgoto de São Roque comece a ser tratado. Nós não estaríamos nessa situação de risco de epidemias de Dengue, chikungunya, Zika e perigo de Febre Amarela se tivéssemos o tratamento de água e esgoto para todos. Temos mais de 65 tipos de vírus diferentes que ainda podem ser transmitidos pelo Aedes aegypti esperando na fila. Umas das consequências da falta de saneamento básico é a desnutrição infantil. Essas crianças se não receberem tratamento terão retardo na atividade neuropsicomotora por problemas no desenvolvimento do tecido cerebral, devido a sequelas permanentes, pois o cérebro é formado de proteínas e outras estruturas que advém do alimento – disse Artur Timerman (Presidente da Sociedade Brasileira de Dengue e Arboviroses). A Organização Mundial de Saúde, afirma que as cidades que investem em saneamento básico gastam muito menos em saúde. Para cada real investido no saneamento básico economiza-se 4 reais em gastos com a saúde. O segredo é planejar, investir permanentemente e ter uma gestão eficiente e eficaz. Segundo o Banco Mundial (BM), para universalizar água e esgoto no Brasil são necessários um investimento de 300 bilhões de reais, garantindo a qualidade da água para que o país se desenvolva e tenha uma população saudável e apta para o desenvolvimento econômico, ao trabalho e a geração de renda. Avançamos devagar demais. Nos últimos cinco anos, a melhora na qualidade da água ficou abaixo de 1%, na coleta de esgoto pouco mais de 2% e de cada 100 litros de água tratada, 37 litros se perdem na rede por vazamentos. (Fonte SNIS – Sistema Nacional Sobre Saneamento). O Banco Mundial mostra que o Brasil é o 102º colocado no ranking de saneamento e nessa velocidade a previsão de termos água tratada para todos será em 2040 e esgoto em 2060. Para concluirmos as obras do Programa de Aceleração do Crescimento (PAC), serão necessárias novas licitações e na área de saneamento o PAC passou longe das metas. No PAC – I temos 45% das obras não terminadas e no PAC – II temos quase 30% das obras que ainda não começaram. O Tribunal de Contas da União identificou que a falta de projetos ou projetos mal feitos é uma das principais causas dos atrasos, mas não a única. Falta de planejamento, falta de recursos, falta de gestão. Somando Municípios, Estado e União, o Brasil investe anualmente menos da metade do que precisa. Infelizmente isto é uma conta medida em doenças e atraso que estamos deixando para muitas gerações de brasileiros.
Alexandre Pierroni é Veterinário há 20 anos em São Roque, Vereador e Secretário da Comissão Permanente de Saúde e Educação da Câmara Municipal.