A greve dos caminhoneiros e suas consequências para o país

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Tenho acompanhado atentamente todas as notícias relacionadas à greve dos caminhoneiros e creio que ela seja justa, no entanto não pode parar o Brasil, pois são inúmeros os transtornos ocasionados à população nos últimos dias, inclusive, deixarão dolorosas sequelas.

Acredito que “não podemos mais ver doentes precisando de remédios, comida apodrecendo no campo, famílias à espera de alimentos, cidadãos precisando ir e vir’, como disse o ex Governador Paulista Geraldo Alckmin.

Segundo a Associação Brasileira de Proteína Animal (ABPA), o alerta é de que existe a possibilidade de morte de um bilhão de aves e 20 milhões de suínos por causa da falta de ração animal no campo. A mortalidade dos animais geraria inúmeros problemas, até porque não teria mão de obra e equipamentos suficientes para enterrar todas as carcaças, pela falta de combustível para abastecer máquinas, como esteiras e tratores. Isso acarretaria uma grave disseminação de doenças para toda a população.

A meu ver, o Governo Federal ignorou qualquer diálogo com a categoria, subestimou a força da paralisação, mas queira ou não, toda a pauta foi atendida, não havia mais o que ser reivindicado e mesmo assim a greve continuou, isso porque há interesses políticos difusos infiltrados entre os grevistas.

Os caminhoneiros encaminharam em outubro do ano passado, e nos dias 14 e 16 de maio deste ano, documentos que pediam a redução das alíquotas do PIS, COFINS e da CIDE sobre o preço do óleo diesel. Após essa grande paralisação, a esfera nacional decidiu negociar com a classe dos motoristas e atender as reivindicações. Diante do caos, matérias veiculadas pela mídia apresentam dados alarmantes, pois ao menos R$10,2 bilhões foram perdidos pela economia brasileira. Somente a Câmara Brasileira da Indústria da Construção (CBIC) estima perdas de R$2,4 bilhões, a indústria de frangos e suínos calcula R$1,8 bilhão de prejuízo. A Associação Brasileira de Indústrias Exportadoras de Carne (Abiec) afirma que os danos chegam a R$620 milhões. A Confederação da Agropecuária (CNA) acredita que a greve gerou R$ 1,1 bilhão aos produtores nacionais, incluindo o leite, cuja maioria da produção está sendo descartada por causa da falta de transporte. A indústria farmacêutica deixou de faturar mais de R$1 bilhão e as empresas automotivas estimam prejuízos de R$1,3 bilhão. O comércio eletrônico, que é dependente do serviço de fretes, amargou R$280 milhões no faturamento. As empresas aéreas calculam um prejuízo de R$50 milhões, já a indústria de café apura R$546 milhões de danos e a indústria têxtil apresenta R$1,2 bilhão de prejuízos.

Estima-se um aumento de custo de R$9 bilhões a R$11,9 bilhões nos cofres públicos por causa de tributos que não serão arrecadados com a comercialização do diesel mais barato, ferindo assim a Lei de Responsabilidade Fiscal, que hoje já apresenta um rombo de R$30 milhões. Com esse aumento no déficit de arrecadação, nós brasileiros é que vamos pagar a conta de alguma maneira, trazendo recessão e desemprego para a classe trabalhadora.

Muitas pessoas sem senso de realidade clamaram por uma intervenção militar, sou totalmente contrário a essa medida. Uma ação do Exército, Marinha ou Aeronáutica para garantir a Lei e a Ordem só pode ocorrer a partir da iniciativa dos “Poderes Constitucionais”, isto é, Executivo, Legislativo e Judiciário. Quando há problema na segurança pública, por exemplo, o Presidente pode acionar os militares por meio de Decreto de garantia da Lei e da Ordem, utilizados recentemente em crise no Espírito Santo e no Rio de Janeiro, por exemplo.

Outra medida possível, como vemos atualmente no Rio, é a “Intervenção Militar”, na segurança pública.

Qualquer ação militar em nome da Lei e da Ordem tomada fora desses parâmetros é, portanto, inconstitucional. Costuma-se chamar de “golpe”, qualquer ação de forças armadas contra os poderes constitucionais, especialmente o Executivo e Presidentes democraticamente eleitos.

Não acreditem que os militares após a tomada de poder irão realizar eleições diretas e devolverão no dia 1º de janeiro um Brasil, mesmo que falido, a qualquer Presidente.

Vereador Alexandre Pierroni

 

 

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